segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Em modo aniversário (6): Revisitando a Carochinha


A prova evidente de que o Conto Popular não perde atualidade, é esta reescrita da autoria dos pais Lê para mim..., de Rebordões Souto, que, apesar de já contar com quase 10 anos, continua atual e fez as delícias do nosso público no passado dia 17 de janeiro.
A Gracinda e a Lúcia, felizes com este "regresso" à primeira infância dos seus filhos.

Porque há momentos que queremos manter para sempre na memória, aqui fica o original de 2008, apresentado pela primeira vez, no 
I Encontro Interconcelhio 
Lê para mim, que depois eu conto...

A Carochinha

Para os nossos filhos: Tatiana, Francisca, Liliana, Beatriz e Tiago
As Mães: Gracinda Malheiro, Lúcia Pinto, Paula Rodrigues, Cristina Sousa e Celeste Calheiros
Maio 2008

Andava a Carochinha, de MP3 no ouvido a
escutar o seu
Hip-Hop favorito,
enquanto aspirava a sua casa.

Quando de repente o telemóvel tocou
E ela de alegria saltou alguém do outro lado
lhe disse
que a lotaria ganhou.

Logo correu a comprar um computador e
pôs um anúncio na internet:
-“Carochinha, bonita e jeitosinha aceita
Marido para casar!”
Não tardou a aparecer o primeiro
pretendente.
Marcaram encontro no Shopping
para se conhecerem melhor.
Chega a Carochinha no seu skate quando vê
um Cão, de dentes cerrados, boca
entreaberta e a rosnar.
- Porque estás assim Cão ?- perguntou.
- Estou nervoso de tanto esperar, respondeu.
Nervoso! Tens a doença da raiva? - Para mim já não serves para casar.

Voltou a pôr o anúncio na internet e novo pretendente combinou encontrar.
Lá vai a Carochinha no seu skate muito apressada, para ao encontro não chegar atrasada.
Minutos depois chegou o Galo, de chapéu na cabeça, capote peludo, meias de lã e nariz todo pingão.
- O que te aconteceu ó Galo para vires com esses trajes tão abafados?
-Foi uma pequena gripe que apanhei quando ao estrangeiro viajei.
- Tens a doença da gripe das aves, disse ela. Pois para mim já não serves para casar, outro noivo terei que encontrar.
De novo recorreu às novas tecnologias e no
dia seguinte, bem cedo, lá deu à perna outra vez.
Desta vez era um Boi que saltava, mugia,
soprava e a cabeça baloiçava.

-Porque estás tão inquieto, Boi ?
-Não consigo parar porque estou louco para te amar.
-Louco? Tens a doença das vacas loucas! Para
mim não serves para casar, e de procurar
marido estou a desanimar.
Voltou a Carochinha, no seu skate, muito
triste para casa, afinal procurar marido pela
net não estava a resultar.

Mas mais uma vez tentou, e um novo mail a
animou.
-“Sou o Ratatui: bonito, elegante, trabalhador.
Tenho um curriculum de causar inveja. Serei
o marido que a Carochinha deseja.”
Carochinha ficou a pensar, um marido tão
famoso todos vão cobiçar, por isso o
casamento é melhor marcar.

O dia tão esperado chegou e a Carochinha lá
se casou. Jornalistas e fotógrafos vieram de
todo o lado, saiu nas revistas …

Foi um casamento muito falado!

Os dois pombinhos foram para Paris e o seu
restaurante, Ratatui lhe foi apresentar.
Como esposo dedicado a comida foi preparar, para ser mais rápido, no microondas a pôs a descongelar e lá para dentro foi junto, para a comida poder provar.
Carochinha já estava a desconfiar.
- O maroto fugiu, para não fazer o jantar!
Foi então que começou a procurar, encontrando-o minutos depois no microondas a esturricar:
-Ó que desgraça que aconteceu!! O meu marido assado morreu.
Todos vieram ver o que por este casal podiam fazer.
Inspectores, bombeiros, degustadores e cozinheiros, para estudar o caso veio um cientista e para animar o velório veio um baterista.
Também o gato os seus serviços quis prestar
abriu o microondas e de lá o rato fez saltar.
Toda a gente ficou espantada
com tudo o que aconteceu
o electrodoméstico estava
avariado e o Ratatui não morreu.
Carochinha e Ratatui não cabiam em si de
tanta alegria, pelos amigos e conhecidos
repartiram a lotaria.
Às crianças, brinquedos e goluseimas
quiseram oferecer
e de skate foram ambos o mundo percorrer .


Prontos para acompanhar esta viagem?




Sem comentários: