sábado, 20 de dezembro de 2008

"E o peixe?"

A família Filénio, de Forjães, pegou nos participantes desta edição do projecto, apresentou-os às personagens das nove obras trabalhadas ao longo das sessões, e levou-nos, no dia da tertúlia, a viver uma fantástica aventura...
Aqui fica o percurso.

E o Peixe?

(Joana, Francisca, mãe e pai)

Aos cinco de Dezembro de 2008.

Era uma vez, numa terra chamada Forjães, um povo muito doce onde todos viviam felizes.
Fazia parte desse povo a Lua que um dia resolveu convidar os seus amigos, o Urso Formigueiro, a Velhinha da Cabaça, a Vírgulina, o Pequenino do dedal, o Senhor Luís da Semente, a Formiga Rabiga e o Maluquinho da Bola, para uma grande viagem.
Partiram todos encavalitados num grande peixe chamado…chamado…bem não sei o seu nome (vou ver se mais tarde me vem à cabeça), mas que tinha umas grandes asas de rebuçado.
Ao cruzarem-se com um Soldado de Chocolate que ia visitar a namorada indiana à Costa de Malabar, disse-lhes aquele :
- Amiguinhos, partam para além daquelas estrelas que estão muito longe; vivem lá um seres fantásticos que estão a descobrir uma coisa a que chamam “Livro”.
A Velhinha da Cabaça de imediato respondeu:
- Vamos lá ! Voa, voa peixinho, voa voa peixão, vamos descobrir esse livrão.
Todos concordaram com a sugestão do Soldado de Chocolate e lá foram.
Voaram muitas noites e atravessaram uma galáxia.
- Ainda nada? Perguntou o Senhor Luís da Semente que já se sentia um pouco impaciente.
- Nada! Respondeu a Vírgulina que nunca mais via o ponto final da viagem.
Voaram muitas mais noites e atravessaram muitas mais galáxias.
- Ainda nada? Voltou a perguntar o Senhor Luís.
- Não! piou um pássaro que levava uma flor no bico e que por ali ia a passar.
O Pequenino do Dedal, que seguia no bolso do sobretudo do Urso-formigueiro, peludo, trombudo e com passos de veludo, disse:
- Esta viagem faz-me lembrar um passeio de balão ou o meu barco de cortiça em navegação.
Num dia de muito frio e depois de passarem para lá das estrelas todas, chegaram finalmente à terra de que o Soldado de Chocolate lhes falara.
- Bolas! Bolas! Disse o Maluquinho, chegamos. Vou poder comer ervilhas e apanhar azevinho.
- Vedes alguém? Perguntou o Urso-formigueiro, peludo, trombudo e com passos de veludo.
- Não dá para ver ninguém, disse a Formiga Rabiga! E como era uma formiga ladina, viva e esperta acrescentou: Mas Tracei um plano para descobrir esses seres do outro mundo, mais essa coisa a que chamam “Livro”.
Só preciso de luz!
Na verdade, estava escuro como breu.
A lua que tinha convidado toda a gente para o passeio, tomou a palavra e disse:
- Amigos, vou-me aproximar deste sítio desconhecido e encher-me de luz; tornar-me-ei numa lua cheia; segui-me então e descobriremos juntos este grande mistério.
E descobriram-no !
O sítio era muito colorido e junto à entrada tinha a seguinte inscrição “ESCOLA”.
Pouco a pouco iam aparecendo os seres fantásticos nunca antes vistos pelos nossos amigos.
Apareceu primeiro uma fada Augusta; depois outras fadinhas – Isabel, Manuela, Irene, Valentina e outras –.
Apareceu por lá também um mago Carlos.
Depois, do interior de umas latas rolantes saíram uns duendes com uma sacola branca ao ombro ( que devia ser a merenda).
- Olhem, disse o Velhinha da Cabaça, um dos seres leva ao colo um duende pequenino.
Souberam depois que se chamava Gabriel.
Todos gostaram de ver a gracinha.
Os nossos amigos ficaram a observar estes seres fantásticos.
Chegavam e sentavam-se em círculo. Tiravam depois da sacola a tal coisa a que chamavam “Livro”; Abriam-no e fechavam-no e descobriam o que nele se dizia.
Falavam ainda de coisas tão bonitas. Ouçam lá:
- Que os pintainhos foram estendidos na corda da roupa.
- Que a lua ajudava a matar saudades do duende pai que estava na Suíça.
- Que a lua sabe a queijo.
No final, levantavam-se e voltavam a partir nas latas rolantes, que tinham uns olhos muito luminosos.
- Fiquemos aqui para ver o que acontece! Disse a Vírgulina.
- E descobrir muito mais sobre os “Livros”! Acrescentou a Formiga Rabiga.
Todos estavam de acordo em ficar … e em segredo e à garupa do peixe que ficou a planar por cima do sítio descoberto, adormeceram.
Porém, no dia seguinte aconteceu uma desgraça.
Logo que uma estrela a que os duendes e fadas chamavam “Sol “ acordou e começou a lançar os seus raios quentes, as asas de rebuçado do Peixe derreteram.
Os nossos amigos ficaram desamparados e, muito aflitos, caíram em cima da escola, mesmo no sítio onde os duendes e as fadas se sentaram em círculo na noite anterior e no exacto local onde tinham deixado alguns livros.
Felizmente, nenhum deles se magoou.
E, antes que chegassem os primeiros duendes, por artes de magia,
O Urso-formigueiro e a Formiga Rabiga passaram a viver num belo livro, onde também viviam abelhas e pássaros.
A Velhinha da Cabaça foi viver num álbum amarelo torrado, onde também havia um lobo, um urso e um leão.
A Vírgulina passou o resto da vida num livro de poemas chamado “poemas pequeninos para meninas e meninos” ou antes “poemas para meninos e meninas pequeninos”, ou … adiante.
O Pequenino do Dedal nunca mais cresceu, e brincou muito num livro da Gailivro chamado “Se eu fosse muito pequenino”.
O Senhor Luís ficou agarrado a um livro azul e todos os dias rega uma semente de paz … que entretanto começou a crescer.
O Maluquinho da Bola vive num planeta da Luísa Ducla Soares, casou e teve muitos meninos redondos e fofinhos.
A Lua ficou estrelada na capa de um livro rectangular e acabou por ser trincada pelo duende pequenino, chamado Gabriel, que como a hora já ia tardia, apeteceu-lhe comer uma bolacha.
Os nossos heróis viveram felizes para sempre e não mais voltaram para Forjães;
Todos os dias ajudavam a adormecer e a sonhar a Catarina, o Tiago, o Tomás, o Afonso, o Gabriel, a Tânia, a Beatriz, o Raul, a Cristiana, a Tatiana, o Luís Miguel, a Joana e a Francisca, todos eles duendes pequeninos que viviam na terra para além das estrelas.
Vitória, vitória acabou-se a história…

(E o peixe ?!)
Ah!... O peixe; o peixe afinal já me lembro…chama-se Imaginação e naquele dia em que lhe derreteram as asas de rebuçado, pousou na cabeça de cada um de nós e entrou;
As asas voltaram a crescer e, desde então, leva-nos a voar por muitos mais sítios encantados de onde nunca mais queremos voltar.

Agora sim, vitória, vitória, acabou-se a história.

Fim.

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